A princípio, ainda tateando pelas engrenagens do
mundo, procurando compreender o que há por trás, o que subsiste por sob elas, eu ficaria
preocupado.
Mesmo pirralho.
Dada a MINHA natureza, eu provavelmente
confidenciaria a mim mesmo, “pombas, o mundo não pode ser isso que papai
alardeia. Deve ter alguma coisa errada nisso tudo”.
À medida que o tempo passasse e a experiência de vida
me ensinasse o mínimo que ela, experiência de vida, deve prover a nós pobres
seres indefesos, se fosse filho do Lula, eu certamente duvidaria, agora com
alguma base solidificada nas fugazes, instáveis trocas que operamos no dia a
dia com aqueles com que o destino tão cuidadosamente nos cerca neste que ao
longo do tempo percebemos ser o tabuleiro de xadrez que nos cabe, eu, dizia, eu
certamente duvidaria de estar jogando o jogo da vida.
[PANO]
[PANO! Eu disse, bestas pretensamente humanas que,
passados nada menos que cinco milênios de aprendizado, se recusam a evoluir do
estado de bípedes para terráqueos que se preparam para almejar ao éter, às
estrelas, àquele lugar com que você sonha quando ergue os olhos para os céus
tentando adivinhar de onde veio e para onde irá.]
Okay, este é um blog com propósitos políticos e a
esta altura da eleição, sem saber se Serra conseguirá suplantar o
semianalfabeto Haddad e sua insustentável bagagem lulopetista, eu não deveria
estar obrando poesia.
Mas, sorry, poesia é assim – escapa de nós poetas sem
que sejamos capazes de contê-la ou mesmo notá-la.
Se fosse filho do Lula – por que não, afinal? tudo é
possível nesta vida, não é? – eu (e quando digo eu, sou eu mesmo, não qualquer
um dos filhos do Lula) não permitiria – ou ao menos me esforçaria – que meu pai
saísse por aí balbuciando bobagens feito um velho bêbado. Tentaria lhe inculcar
algo de compostura – o bom comportamento pode ser admirável mesmo nos mais
estranhos seres humanos. Procuraria lhe ensinar uma lição que talvez somente um
filho ajuizado seja capaz de ensinar a um pai desnorteado de tanta cachaça
emburrado com a impossibilidade de exercer o poder absoluto dum Luís XIV.