2017

Sim, o ônibus passa, a uva-passa, o tempo passa. Estamos no meado de 2017.

Na última eleição presidencial Dilma também passou... para seu segundo mandato. Foi por um triz mas deu. 

Até o final de 2013 Lula da Silva, sempre montado num palanque, bebericando um Johnnie Walker Blue Label na poltrona dum jatinho amigo ou encarapitado numa tribuna a explicar o mapa da mina aos donos do Bradesco e do Itaú, esbravejou repetidas vezes naquele seu jeitão brejeiro me-segura-senão-faço-uma-besteira — se a economia continuasse pirambeira abaixo, tomaria a si a responsabilidade de manter seu partido dos "trabalhadores" no poder.

Acontece que dali em diante a situação só foi piorando e, na hora agá, o cara, claro, tirou o seu da reta. Sendo muito vivo, não ia arriscar sua reputação de salvador da pátria. Sim, foram 16 anos de monumentais jumentadas de autoria primeiro dele próprio e em seguida da dona posta. Mas o garganta-profunda é um otimista — jamais perde a esperança de galgar ao nível mais alto do pódio da história. Galgará, obviamente, mas não do pódio que está imaginando.

Bem, neste ano da Graça de 2017 a inflação bateu nos 15% (ao mês). Quanto à taxa de desocupação, essa já não dá mais para esconder. Até recentemente os falsificadores oficiais de estatísticas teimavam em recensear os milhões de brasileiros encostados no bolsa-família como "ocupados". Hoje todos sabemos que o desemprego efetivo passa dos 30 por cento. Faz tempo que os sem-trabalho desistiram de arranjar um ganha-pão decente e já não se declaram desempregados.

O PIB, depois de baixar a zero em 2015, hoje anda lá pelos dois ou três pontos (negativos) e esgotou o estoque de diminutivos no mercado.

No que tange à quantidade de ministérios, dona posta finalmente parece ter alcançado o número dos seus sonhos — 87. Além dos tradicionais, e inúteis, como o do Trabalho, da Justiça, da Cultura, da Economia, da Pesca, da Micro e Pequena Empresa e assim para trás, nossa valorosa presidenta hoje nos brinda com o Ministério dos Amigos do Peetê, o dos Aeroportos de Cá, o das Rodovias de Cima, o dos Padeiros Nascidos em Maio e por aí vai.

O número de partidos, bem, esse até que não subiu muito — hoje cedo ainda pairava na marca de 143. E a gerentona de jaquetinhas vermelho-caqui estilo Mao já prometeu pelo menos o comando de duas estatais  para cada um deles.

Na seara do PAC o nosso tão esperado trem-bala finalmente partiu do papel rumo aos  computadores de algumas centenas de projetistas. E até que não saiu os olhos da cara — por enquanto, a dona sabichona gastou apenas 15 bilhões de reais nesse "processo".

A transnordestina, que, como todos se lembram, seria inaugurada ainda em 2010, ainda no último mandato do cara, essa agora prometem para 2026, se não chover além da conta por aquelas bandas.

Socialmente falando estamos mais ou menos no mesmo patamar. Os 50 milhões que tinham ascendido com a ótima renda de 80 reais ao mês de repente despencaram num abismo de dívidas, calotes e penhoras de bens, arrastando consigo outros 50 milhões que estavam relativamente estabilizados antes de 2003. E o melhor de tudo — eles continuam votando nos iluminados de sempre.

Na esfera política o país experimenta uma certa reviravolta. O cara refundou o peetê e lhe tascou uma nova sigla: P dos A dos PCC, Partido dos Amigos dos Primeiros Comandantes do Capital. O qual, num piscar de olhos, congregou todos os ultradireitistas dando sopa por aí. Quando se viram ao deus-dará dum dia pr'outro, Maluf, Collor, Sarney, Barbalho, Jader, Feliciano, Tiririca, a filha do Quércia, Afif, Marina, Kassab, Campos, Rose e outros menos votados correram para formar o PSE, Partido Socialista Esquerdista. Os mais exaltados da nova legenda já prometeram — só descansarão quando o governo-que-está-aí exigir a volta do Neymar.

No centro continuam os tucanos, agora sob a nova direção do mineirinho ruim de briga, que a gente nunca sabe direito se voa pra cá, pra lá, pra Ipanema ou se voa mesmo.

Para encerrar, vamos ao que mais interessa — a eleição do ano que vem.

Depois de receber a sentença do STF pelo caso do mensalão (ele deverá prestar 3 dias de trabalho comunitário na sede das empresas de Eike Batista, mas seus advogados estudam recorrer), Zé Dirceu anda jurando que desta vez a faixa presidencial não lhe escapa. E se comenta à socapa que até já escalou seu ministério. Esta coluna apurou em primeira mão que o novo grão-vizir será um sujeito chamado Waldomiro. A Economia, ao que tudo indica, ficará sob o encargo do Delúbio. Um tal de Valério comandará o Ministério da Propaganda. Afif irá para o das Duas Caras, ao passo que o sobrinho do Fidel chefiará o Itamaraty. Não será surpresa se João Santana continuar no cargo de oráculo-em-chefe. Carlinhos Cachoeira requisitará o Ministério de Compras Parlamentares.

A primeira medida de Dirceu será instituir o PAC versão 4.7. Dizem as boas línguas que será tocado por um dos quadros mais qualificados do partido, uma senhora assaz competenta, de escarlate vestimenta, inteligência fina, atenta, que atende pela alcunha de Dilma Rousseff.

Agora vai!