Tem um pessoalzinho aí querendo demonstrar que petê e tucanos são iguais.
É fácil provar que não são.
O PSDB é um conjunto de políticos de diferentes formações culturais e profissionais. Há tucanos de todas as classes e backgrounds, convivendo sob matizes ideológicos que, embora ocasionalmente distintos, convergem consistentemente para a defesa de ideiais democráticos. Acima de tudo, o PSDB é um "conjunto", seus membros estão ligados por afinidades e propósitos comuns.
O petê pós-mensalão não é um conjunto, mas um bando que luta com unhas e dentes para se manter no poder a qualquer preço. Hoje, os petistas se confundem com "correligionários" como sarneys, jeffersons, fleurys, ptbs, pps et caterva. Em Sampa, tentaram alianças com maluf e quércia (que, quando eram oposição, combateram raivosamente em dircusos e até nos tribunais). Marta suplicy chegou mesmo a experimentar a linha do "maluf-que-fez", construindo os famigerados CEUs e aquele túnel que alagou na primeira chuva. Se há uma identidade entre os que "apóiam" o governo, é a do salve-se-quem-puder. Acima de tudo, preservem-se as mamatas.
O PSDB é um partido organizado em torno dum programa. Vc pode concordar ou não com esse programa. Talvez se façam necessários ajustes e mudanças, mas é um programa, uno e unívoco, que determina as ações políticas de seus membros e sob cujos princípios estes atuam.
O petê pós-poder age não se sabe sob quais princípios. Como bando, lança aqui e ali factóides isolados, desconectados dos demais. Na falta de programa, institui-se o marketing como ação política. Seus "membros", ou sei lá como se podem chamar os que se amontoam sob a égide do petismo, ganem feito hienas perdidas. Afinal, os petistas são o quê: socialistas, castristas, chavistas, sindicalistas, TUCANOS? Quando na oposição, achávamos que eles tinham ideais sólidos porque invariavelmente mugiam contra o governo. Agora no governo, perderam o mugido, restringindo-se a lamúrias como "não fui eu", "eu não vi", "eu não estava lá". E os assassinatos com que o partido se envolveu pouco antes de chegar ao poder federal são prova cabal de que haveria sérios perigos à nossa democracia se as chamadas "instituições" não estivessem amadurecidas como estão hoje.
O PSDB tem gente boa e gente ruim, como qualquer outro grupo humano. Mas quando vc olha em perspectiva para o partido, pode enxergar ali um vigor democrático. Os caras às vezes erram, mas ninguém jamais - JAMAIS - verá FH defendendo malucos totalitários como chavez/fidel. Vc imagina o Serrão ou o Geraldão fazendo qquer coisa que atente contra o sistema político ou contra a democracia no País? Meu, quem viveu sob a ditadura dos milicos sabe do que estou falando. Democracia se contrói passo por passo, e os passos que lhes couberam os tucanos tiveram a coragem de dar.
O petê tem gente que ninguém sabe que apito toca. Os fundadores - entre eles cabras sérios como A. Cândido, Mario Pedrosa, Paulo Freire, Florestan Fernandes - debandaram. Os "intelectuais" do partido hoje são capitaneados por m. chauí, que se disse sem palavras quando estourou a nojeira do mensalão. Isso resume tudo: um partido cujo principal quadro intelectual se confessa sem o que dizer. Ao contrário do navio náufrago, no petê os ratos ficaram, os tripulantes com vergonha na cara deram o fora na primeira oportunidade. Seus pensadores perderam a voz, estão condenados ao mutismo eterno. Os que ainda tentam alguma opinião em público nada mais fazem que papel de patetas.
Acima de tudo, o petê é um partido de invejosos.
A inveja está na origem e na alma do "partido".
O petê nunca foi aliado dos miseráveis ou oprimidos, como queriam que acreditássemos. Surgiu de embates estritamente sindicalistas no ABC. Sua pauta de reivindicações eram maiores salários, redução da jornada de trabalho, melhoria das condições de trabalho nas empresa, essas coisas que fazem parte do dia-a-dia dum sindicato em qquer lugar do mundo.
É aí que o Grande MentacaPTo deu sorte. O País estava sufocado sob a ditadura, ninguém podia dar um pio contra as arbitrariedades dos milicos, o anseio por liberdade fervia contido dentro duma gigantesca panela de pressão.
O movimento que se formava e ganhava força no ABC adquiria cada vez mais visibilidade, até que catalisou a energia libertária que brotava de todos os lados. Alguns intelectuais batutas enxergaram no líder metalúrgico uma figura capaz de aglutinar a energia bruta e canalizá-la em direção à luta pela democracia. As principais lideranças políticas de então acorreram e se juntaram ao movimento: FH, Ulysses, Franco Montoro, muitos outros cujos nomes me escapam. O petê nasceu fruto da dinâmica histórica. E aqueles intelectuais, como típicos pensadores esquerdistas, tendo ainda nos ouvidos as invectivas alucinadas de lênin, houveram por bem colocar um operário à frente do movimento.
Não se pode, obviamente, dizer que tudo não passou de sorte. O pau-dágua tem seus méritos nessa história. Aparentemente, é bom em negociações e liderança. É a liga que mantém o ptralhas unidos. Sem ele, a porcaria já estaria no lixo há tempos.
Essas constações só fazem crescer a gravidade da traição que o irresponsável cometeu. No petê estavam o sangue e o suor de muitos milhares de pessoas dignas que um dia lutaram pelo nosso desenvolvimento e pela nossa liberdade. O mentacaPTo, quando enfim chegou ao poder, cuspiu na cara de toda essa gente. Mostrou-se um reles arrivista, fissurado em ternos Armani, limitado a churrascadas e passeios de bóingue, movido a todo vapor por uma inveja profunda dos abastados, nascida dos tempos em que passou fome no sertão pernambucano.