A compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobrás é uma das mais abjetas transações já realizadas pelos poderosos no Brasil em todos os tempos.
À época, a Petrobrás alegou que tal aquisição lhe daria acesso ao mercado de refino de petróleo e à comercialização de derivados nos Estados Unidos. Em seu plano fabuloso — e, como hoje está patente, mirabolante e inconsequente —, a empresa brasileira pretendia investir em pesquisa e produção de petróleo no próprio Golfo do México.
Para implantar seu projeto quimérico, a Petrobrás tornou-se sócia da companhia belga Astra Oil Company, que então detinha o controle total das instalações de refino em Pasadena. Pela sociedade, a empresa brasileira pagou US$ 360 milhões aos belgas por 50% das ações.
Corria o glorioso mês de setembro de 2006.
Pouco mais de um ano antes, no início de 2005, a Astra havia adquirido a totalidade da refinaria por apenas US$ 42,5 milhões.
Ou seja: a companhia belga revendeu um ativo que lhe custara 21,25 milhões de dólares pela bagatela de 360 milhões de dólares. Com a façanha, os belgas puderam multiplicar seu capital em nada mais, nada menos que 1600% (mil e seissentos por cento). A partir desse milagre financeiro, todos os brasileiros, diante duma transação espetacularmente vantajosa, devemos dizer que se trata dum "negócio da Bélgica" e não mais da China.
Além desse inacreditável lucro, absolutamente descabido no mundo dos negócios, havia outros aspectos malcheirosos no imbróglio. Descobriu-se depois que um dos mandachuvas da felizarda Astra era um ex-funcionário da... adivinhem... Petrobrás!
Ou seja: o sujeito deixou a brasileira pela belga e em seguida esta faturou quase 340 milhões de dólares nas costas daquela.
Das duas, uma: ou o sujeito é um safado digno de figurar no clube do Maluf, do Collor e do Lula ou é um ilusionista que poria o fenomenal Houdini no chinelo.
Aqui cabe uma pergunta inocente: terá o malandrinho confabulado e executado essa maracutaia sozinho, à revelia dos departamentos de auditoria e fiscalização da Petrobrás — o que seria praticamente impossível, obviamente — ou será que contou com a ajuda dos altos escalões da empresa brasileira?
Mas, como desgraça pouca é bobagem, o prejuízo da Petrobrás viria a se avolumar mais ainda.
Como sói ocorrer no mundo dos negócios, os sócios se desentenderam e os belgas exigiram que comprássemos a parte deles na refinaria. "Nós" não topamos e a pendenga foi parar na justiça americana.
Como era de esperar, a Petrobrás perdeu o processo. Sabem como é, os advogados da outra parte sempre são melhores que os nossos. Então, os competentíssimos dirigentes da empresa, sempre aconselhados pelo seu departamento jurídico e seus sapientes causídicos, decidiram fechar um acordo extrajudicial com os belgas. Corria o mês de junho do ano de 2012.
Pelo acordo celebrado entre os litigantes, a Petrobrás pagaria um extra de 820 milhões de dólares aos ex-sócios.
Ou seja pela terceira vez: a Petrobrás entregou 1,18 bilhão de dólares à Astra por um negócio que valia 42,5 milhões de dólares.
Leio no Estadão que "o plano estratégico de 2012-2016 da Petrobrás prevê a venda de US$ 14 bilhões de ativos". Incluso em tal plano estão os investimentos no pré-sal. Obviamente, na tentativa de fazer caixa, a empresa será obrigada a se desfazer do Abacaxi de Pasadena.
Obviamente pela terceira vez, o Abacaxi de Pasadena não vale nem 5 por cento do que foi gasto pela Petrobrás.
Em suma, a posição da empresa hoje é a seguinte: ou se desfaz do Abacaxi de Pasadena pela ninharia que o mercado estiver disposto a pagar — se é que aparecerá algum interessado — e assim reconhece para o mundo e para os brasileiros que seus dirigentes não passam dum bando de salafrários, ou investe ainda mais capital no Abacaxi de Pasadena para tentar revendê-lo adiante por um tiquinho a mais, quem sabe reduzindo assim o tamanho desse estrondoso prejuízo.
Eis o que o lulopetismo fez com o ufanismo "do petróleo é nosso". Nosso nosso ou nosso deles?
Para completar o descalabro, sempre é bom lembrar:
Sabem quem presidia o Conselho de Administração da Petrobrás à época da aquisição do Abacaxi de Pasadena?
Sim, ela mesma: a então ministra-chefe da Casa Civil, a sra. Dilma Rousseff.