Escuta Zé Ninguém!


Pois é, seu Zé, tudo é possível. Então o candidato do seu partido, o Vazador do ENEM, o pior ministro da Educação de todos os tempos e que só está concorrendo por um ato arbitrário do patrão, veio para o segundo turno. Venceu, veja só, nada menos que o Coringa, a grande incógnica político-programática que nós brasileiros sensatos temíamos. E, passado o segundo turno e, repetindo, em sendo tudo possível, eis que o Vazador faturou a prefeitura de Sampa. Vencendo José Serra, um dos raríssimos políticos lúcidos e honestos que sobraram neste país em que a Lei de Gérson campeia de norte a sul e de leste a oeste, causando devastadores strikes nos valores que levamos cinco séculos para construir. 

Apenas para constar, seu Zé, note que o Vazador levou a eleição por ter alardeado em massacrante campanha mercadológica que representava o "novo". Nestes estranhos tempos de consumismo desvairado, quem é que não gosta do novo, não é mesmo? Até eu. E note também que, para que não restassem dúvidas do papel novidadeiro que o Vazador prometia implantar no Palácio do Anhangabaú, o rapaz convocou o apoio de Paulo Maluf, um dos maiores defensores da moralidade e da ética públicas deste país.

Mas — agora quem nota sou eu , penso ser exagero quando o senhor decreta que o PSDB está em  "marcha batida para a derrota no país".  Me parece haver algum problema grave nesse seu meigo olhar, seu Zé. Acho que o senhor está vendo a lua demasiadamente cor-de-rosa para o seu lado. Dependendo dos olhos de quem olha, isso pode ocorrer com alguma frequência. E o oposto também é verdadeiro — há os que podem, ou querem, enxergar a lua preta qual negro de fumo.

Eu, de minha parte, não a vejo nem rósea nem sinistramente escura. Em minha modesta opinião, quem está rumando a passos largos para o fiasco é exatamente seu partido. Pois o peetê se constitui, em grande parte, de ladrões, golpistas natos, peritos em compras no atacado de congressistas, experts na fabricação de dossiês para abalar reputações de adversários, agentes que transportam dólares em zorbas turbinadas. E assim por diante.

Convenhamos, seu Zé. O senhor de fato pensa que um agrupamento que tem enraizado em suas fétidas entranhas tamanha vocação para o crime pode dar certo? Escuta Zé Ninguém! O peetê está no poder há dez anos. Pelo que leio em fóruns digitais por aí, a militância peetista está convencida de que o jogo já acabou. Acham que dez anos é a eternidade. Escuta, seu Zé, será que preciso mesmo lhe lembrar que dez anos, historicamente, é uma fração de segundo?

Mas, retomando a nossa polêmica cor da lua, não sou apenas eu que vê a situação do peetê negra, não.

Não, seu Zé. Se o senhor der uma lida nos fóruns dos maiores órgãos de imprensa deste País, verá que uns, digamos, 90% dos comentaristas expressam desgosto, aversão, desencanto e até mesmo nojo do sr. Lula da Silva e de seu partido de trambiqueiros. É só ir lá e ler, seu Zé. Comprove pessoalmente. Hoje, apenas os mais ignorantes e os mais fanatizados ainda acreditam nas lorotas que vocês peetistas insistem tão pateticamente em remedar qual papagaios. Lá se vão dez anos de mentiras, truques baratos, falácias, engodos. Só que, neste caso, dez anos parecem ufa! uma eternidade.

Seu Zé, pare de bancar o joão-sem-braço. Já deu. Essas manifestações de otimismo suas e de seus apanigados servem apenas para demonstrar que vocês aí desse ajuntamento de trapaceiros, hoje absolutamente destituídos de ideologia política e de senso ético e imbuídos da mais inédita, a mais truculenta, a mais inescrupulosa voracidade pelo poder a qualquer custo, não aprenderam a desenvolver um tico que seja de semancol. Ou de senso de ridículo. Essa interminável choradeira sua, de seus áulicos e, sobretudo, do chefão, tentando acusar o STF, a imprensa, os conservadores, a elite e o escambau, pombas, seu Zé, tudo isso é extremamente constrangedor. A mim me incita a chamada "vergonha alheia".

O peetê não mais é aquele partido de vestais que, na oposição, faziam beicinho a tudo e a todos. Os estudantes que bradavam contra a ditadura hoje estão plenamente abastecidos de grana e cooptados. Os sindicalistas que viviam a discursar nos portões das fábricas querendo tirar um naco dos lucros das grandes empresas viraram todos superpoderosos presidentes e diretores de estatais.

Os peetistas hoje  são cinquentenários, sexagenários, setuagenários fazendo um papelão de guris choramingões. O peetê traiu a todos que um dia confiaram no partido.

Todo mundo sabe, todo mundo viu, seu Zé. Por obséquio, cumpra a pena que lhe cabe e pare de falar aboborinha. Nós brasileiros queremos consolidar nossa sempre frágil democracia em paz.